“Um
navio não deve depender de uma só âncora,
nem a
vida de uma só esperança”.
Sócrates
Barquinho avistado lá das Pedras do Arpoador, RJ, 18/04/13.
Um dia, um jovem marinheiro resolveu se
aventurar pelo oceano. Sempre ouvira falar que o oceano era coisa para grandes
embarcações e que seu barquinho jamais passaria da primeira tormenta.
Esse jovem marinheiro não ligava
muito para o que os outros falavam, pois a verdade é que, diante daquela
infinita quantidade de água, ninguém queria se aventurar...
Não demorou muito para que aquele
marinheiro decidisse enfrentar o mar aberto e, com sua pequena e frágil
embarcação, meter-se a navegá-lo.
Preparou-se e, ao olhar para a linha
do horizonte, seus olhos brilharam. Sua sensação era de completa pequenez, na
praia, diante daquele mundo de água, mas seu espírito se engrandecia quando
pensava que estava perto de concretizar seu desejo.
No momento da partida, todos foram
até o cais desejar-lhe boa viagem e boa sorte – pois não era muito normal
alguém querer, de forma tão impetuosa, desbravar mares “nunca dantes
navegados”.
E lá se foi o jovem marinheiro, rumo
ao infinito...
Fim de tarde nas Pedras do Arpoador, RJ, 18/04/13.
Passaram-se muitos dias até que,
numa manhã, alguns pescadores avistaram uma pequena embarcação se aproximando.
Todos correram, até o cais, para ver quem era... E, surpreendentemente, lá
estava o jovem marinheiro. Sua embarcação destruída e ele com muitos
ferimentos. Porém, mesmo nessas condições, sentia-se feliz, pois conseguira
navegar em alto-mar e, acima de tudo, sobrevivera às tormentas e tempestades,
ao intenso calor... retornando à sua terra, seu porto seguro.
A viagem não foi fácil. Solitário e,
ao mesmo tempo, cercado por tanta água, o jovem refletiu sobre a sua vida. Em
alguns momentos teve a certeza de que não suportaria a saudade das pessoas que
tanto amava e que ficaram em terra firme. Quando caiu a primeira tempestade,
achou que não teria força física para conter a embarcação... e, de forma
inexplicável, conseguiu prosseguir com a sua aventura, que quase custou-lhe a
vida. Pensou no valor da mesma, no significado de sua existência e em tudo que
passara, vivera, sentira...
O seu retorno ao cais não foi apenas
físico, mas espiritual. Após tantos
acontecimentos, o jovem marinheiro passou a enxergar a vida de uma outra
maneira, tirando, dessa experiência, inúmeras lições. De todas, a que ele
considerou como mais importante: nunca deixar de lutar ao máximo por um ideal com o obejtivo de concretizá-lo.
Em meio à solidão, pensou no quanto
o amor e a amizade são imprescindíveis na vida de todo ser humano. Muitas
vezes, ele se sentiu sem rumo, à deriva. A verdade é que, diante de uma
tormenta, na vida, ele sempre pôde contar com um porto seguro, que o ajudava a
não perder completamente sua direção, em momentos onde faltava-lhe o norte. Bem, seu
cais, seu porto seguro, sempre foram sua família e seus verdadeiros amigos,
que, ao longo do tempo, têm se revezado... ora cais, ora barquinho sem rumo...
Fim de tarde nas Pedras do Arpoador , RJ, 18/04/13.
E
assim se leva a vida... seguindo em frente, aprendendo, vivendo cada momento,
rasgando oceanos na busca daquilo em que se acredita.