terça-feira, 10 de novembro de 2015

"Tabacaria" e uma breve reflexão

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."*

"(...) tenho em mim todos os sonhos do mundo." Quantos sonhos são? Não importa, pois o mais importante é não deixar de sonhar, não deixar de lutar, dia após dia, para transformá-los em realidade. E sabemos que não é fácil... não é nada fácil...

Tantas vezes tentamos descrever aquilo que é indescritível... É um turbilhão de coisas que vão se atropelando, se sobressaindo, se escondendo, se esquivando... e, num dado momento, parece que queremos ter o controle de tudo aquilo que simplesmente foge ao nosso controle... que sequer tem controle. É aí que está o problema: num ato heroico, tentar, de forma absolutamente descontrolada, controlar aquilo que é incontrolável... O que podemos fazer???

"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pregada à cara.
Quando tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado."

As boas maneiras dizem que temos que ser fortes e colocar as coisas do coração de lado, permitindo apenas que a razão dite as regras... ou siga-as... mas como é difícil! Sim, às vezes (muitas vezes) complicamos as coisas, mas muitas vezes as coisas simples acabam tendo uma complexidade fora do normal... e daí para a dificuldade é um passo, um pequenino passo.

Quantas vezes mais nos perderemos no tempo e no espaço? Quantas outras tantas nos intimidaremos diante da dúvida? Quando poderemos nos apresentar ao mundo sem medos, sem receios, sem ligar para o que os outros pensam e dizem, sem olhar para os olhares inquisidores da nossa sociedade ou do meio em que vivemos? Quais são as nossas chances nesse mundo caótico? Quando poderemos assumir nossos erros e acertos sem que hajam tantos dedos apontados na nossa cara? Quando poderemos assumir a nossa mortalidade diante de tantos seres que se dizem imortais? Quando poderemos amar, de peito aberto, sem nos machucamos uma vez mais? Quando estaremos certos disso, daquilo, daquilo outro???

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim..."*

É... parece que temos mais (mas muito, muito, muito mais) perguntas do que respostas... Nesse sentido, apenas a vida, apenas viver a vida e deixá-la fluir podem ser saídas honrosas na tentativa de respondermos a tantas indagações.

O poeta nunca esteve tão lúcido em seus versos... em tempos de crise, de solidão, de tristezas, de desentendimentos, de decepções, de desavenças... nunca esses versos foram tão atuais e retratam tão bem nossos conflitos interiores e exteriores também.

Às vezes parece que as tempestades nunca mais cessarão... dá até uma sensação de que o mal chegou para ficar... mas basta um exercício rápido: olhar para aquilo que estamos fazendo, para nós mesmos, ao nosso redor, para percebemos que há coisas boas, coisas muito boas... e que somos bons... e não é apenas na intenção. Precisamos treinar a nossa mente para fazer esse exercício diuturnamente ao invés de nos condicionarmos com tudo aquilo que não está certo, com tudo aquilo que é ruim... Que tal olharmos para as coisas boas, ainda que pequenas? É claro que não resolve todos os problemas do mundo, mas diminui muito aquela sensação de carregar o mundo das costas, de achar que nada que daquilo que fazemos está certo, de pensar que poderíamos ter feito outras escolhas e ter feito tudo de forma diferente. Certamente, parte dessas sensações são fatos (em sua maioria, consumados... e nos perseguirão por um bom tempo, senão pela vida toda), mas precisamos abrir mão de ficar carregando esse peso e, em seu lugar, permitirmos que as levezas da vida nos acompanhe.

Sim, falar é muito, muito fácil... mas é a prática que nos tornará melhores (creio que menos piores), a cada dia, a cada instante de vida, conosco e com aqueles que convivemos, em particular, com aqueles que amamos.

*versos do poema  Tabacaria, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.




Declamação de "Tabacaria", por Antonio Abujamra.



segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Há alguns momentos em que tudo parece ser de difícil entendimento. Em outros, a realidade aparece de maneira distorcida, pois são muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo... E eis que, de repente, parece que tudo ganha uma novo foco, uma certa nitidez que torna praticamente impossível contestar a verdade (verdade que, algumas vezes, nos negamos a enxergar... a verdade que estarrece nossos olhos).

Tenho vivido alguns momentos de confusão, com muitas questões íntimas e existenciais em aberto. Questões que me fazem duvidar da minha capacidade, da minha competência, das minhas qualidades, das minhas certezas, do que sou... questões que só apontam para os meus defeitos, para as minhas péssimas escolhas, para os erros que cometo, para os meus fracassos, para as minhas desilusões... Tem sido muito difícil lidar com tantas coisas ao mesmo tempo, nesses últimos meses, e de ordens de grandeza muito variadas.

Fico na expectativa de acertar, de trazer de volta a minha capacidade de tomar decisões acertadas, de fazer as coisas mais corretamente e com qualidade... aquela qualidade que gostaria muito que voltasse a ser uma das minhas marcas... além do meu sorriso... e de uma leveza no meu espírito, no meu ser, de sentir prazer em viver e amar e desejar, de ser livre, de coisas cotidianas que há muito tempo não as sinto em sua plenitude... Mas... o que tenho feito para mudar isso? Como mudar? O que tenho feito na minha vida? O que tenho feito com a minha vida? Por quê? Por que escolher caminhos tão díspares? Por que me equivocar com a certeza? Por que vacilar? Por que acreditar que algumas coisas poderiam ser diferentes? Por que cometer os mesmos erros e novos erros, sempre... e sempre... e sempre???...

Me sinto mal. É claro que me sinto mal... Quem, neste mundo, não se sentiria mal quando se dá conta de que é desprezível (ou pelo menos tem essa sensação, ainda que não seja intencional)? Quando se dá conta de ser descartável tal como uma carta no baralho que não serve para nada? Quando assume o papel de um fantasma, de uma assombração na vida de alguém? Que acaba atuando como coadjuvante da própria vida, ao invés de protagonizá-la?  São sensações horríveis e que só corroboram com o sentir-se mal... aliás são sensações que acentuam ainda mais esse estado.

Por acaso, navegando, me deparei com um poema de Hilda Hilst que retrata muito bem os sentimentos e pensamentos que me acometiam neste momento:


"Existe sempre o mar
sepultando pássaros
renovando soluços
rompendo gestos.

Existe sempre uma partida
começando em ti
tomando forma
e sumindo contigo.

Existe sempre um amigo perdido
um encontro desfeito
e ameaços de pranto na retina.

Existe um canto de glória
iniciado nunca
mas guardado no meu peito
dissolvendo a memória.

E além da canção incontida
do teu amor ausente
além da irrelevada
amargura desta espera
existe sempre a terra
desfazendo
as vontades de Existir."


Considerei, ao longo da minha vida, que sempre existia explicação para tudo. O meu lado racional nunca me deixara abrir mão desta convicção até o momento em que o coração resolveu entrar em campo e mostrar que nem tudo pode ser explicado. Certas coisas, ao longo da nossa vida, simplesmente acontecem... algumas sem o nosso consentimento, inclusive, e quando nos damos conta... já foi! Pascal foi muito feliz ao dizer que "o coração tem razões que a própria razão desconhece"... e como isso me perturba, me atordoa... como essa falta de controle do coração e, consequentemente, a perda da razão me maltratam... quase me enlouquecem... Já vivi muitas coisas, vi tantas outras... e parece ser sempre uma surpresa quando me pego diante da falta de controle dos meus sentimentos e, principalmente, dos meus pensamentos.

Todas as vezes em que penso que algumas coisas poderiam ter sido diferentes e que vejo o momento no qual eu poderia ter tomado uma atitude para impedir a ocorrência de certos episódios ou o desvio do caminho que seguia, sinto um enorme pesar. Não é arrependimento mas um sentimento de culpa por ser permissiva... Sofro muito com isso... perco noites de sono... choro... perco a fome... me martirizo e me culpo por não  ter feito diferente e por chegar ao presente da maneira como chego... com a sensação de que a minha vida foi atropelada por um rolo compressor... repleta de tristeza, infelicidade, frustração, amargura, solidão...

Sei que tenho que ser forte, erguer a cabeça e virar algumas páginas da minha vida. Tenho que ser mais forte do que tudo isso a ponto de encarar as tantas folhas em branco... e preenchê-las com versos inéditos... com novas rimas ou com a absoluta falta delas... com belos versos ou nem tanto...

Sinto algumas faltas... faltam conversas... faltam entendimentos... falta compreensão... falta amor... Ficam as cobranças, fica o dedo na cara apontando e dizendo "eu não disse?"... "você não sabia disso?"... "como você se deixou levar?"... "você só pode estar de brincadeira, né?"... "eu falei, lembra?"... "não faz assim!"... "não fica assim!"... "você entendeu o que eu falei?"... e fica aquela sensação, que não é exatamente um arrependimento por aquilo que já foi consumado, de que as coisas poderiam ter sido diferentes... ficam as promessas que nunca se cumpriram...ficam as palavras jogadas ao vento... fica o tempo dedicado a nada, um tempo que passou e não volta mais... e uma incompreensão infinita!

Chego num momento no qual o cansaço físico, o cansaço mental e o cansaço emocional se aliam às minhas desventuras e, por ora, parece que perco o chão... não consigo reagir... apenas sinto vontade de jogar a toalha... mas, ao mesmo tempo, sei que não é hora. Bem, o jeito é tentar seguir em frente... sem ficar dando passos para trás, sem olhar para trás...mas as feridas ainda estão abertas e doem, doem muito...


Chega um momento em que quase não há lágrimas para chorar... até um certo momento, o choro era a maneira de externar as angústias, as chateações,..., mas tudo isso acaba chegando a um outro nível no qual o choro já parece ser indiferente... a cabeça afundada no travesseiro já não serve de fuga... o trajeto de volta para a casa, distorcido pelas lágrimas que ficam por um fio dão a dimensão de como me sinto. Chega um momento em que a espera parece ser inútil... esperar por uma conversa que nunca acontece... por um abraço que não cabe entre os braços... por uma palavra de carinho, de amor, de amizade... por um momento de realização...  Resta apenas o silêncio... um silêncio estarrecedor, que maltrata o coração, a mente... que diz muito sem dizer nada, absolutamente nada... Um silêncio absoluto... uma pausa infinita no meio de uma linda música... Chega um momento em que cada ato assemelha-se a afiadas lâminas que dilaceram a carne e fazem o coração sangrar... fazem a mente sangrar... machucam... e, silenciosamente, aumentam e diminuem as dores causadas por tantos desencontros, por tantas decepções, por tantos discursos feitos pela metade, por tantos atos inacabados, por algumas promessas, pela espera, ..., por tantas coisas que são difíceis de enumerar... que nem sempre são explícitas aos olhos de quem vê mas são absolutamente escancaradas ao coração dos que sentem.

Não creio que as coisas tivessem que ser desse jeito, que tivesse que chegar nesse ponto... um ponto que coloca bens maiores em risco, dentre eles a amizade. O temor de perder uma amizade é estarrecedor, pois os amigos são aqueles nos quais confiamos muitas coisas (segredos, alegrias, declarações de amor, demonstrações de afeto, momentos de alegria e de tristeza, momentos nos quais precisamos de alguém que esteja ali conosco para dar aquele empurrão, para dar aquele incentivo ou lançar aquele consolo num olhar, num abraço, num ombro, num convite para caminhar em silêncio ou para tomar um café ou para tomar algumas cervejas). Chego, hoje, com a sensação de que cometi muitos erros, mas o que mais me deixa triste é ver que essa cascata de erros colocou algumas amizades em xeque (e tenho a esperança de que não seja xeque-mate). Quero ter forças para superar tudo isso, reverter algumas situações, estreitar novamente os laços com meus amigos, com a minha família... Quero dar a volta por cima e voltar a viver com alegria, com entusiasmo... como nos "velhos tempos".

É impressionante como todas essas coisas mudam a nossa maneira de viver, de encarar a vida, o mundo, as pessoas, os afazeres... A sensação que tenho é a de que passei por um terremoto de alta escala acompanhado por uma tsunami... com todos os meus sentimentos e pensamentos remexidos, alguns devastados... mas a exemplo de todas as nações que passaram por essas catástrofes, num dado momento é necessário dedicar tempo para a reconstrução. Creio que, como em outros momentos da minha vida, tudo isso sirva para que eu me restabeleça com bases mais fortes, mais sólidas... saindo de tudo isso mais forte do que nunca (embora, algumas vezes, eu tenha medo de não conseguir sair dessa como sempre fiz... às vezes tenho a sensação de que não serei tão forte como fui em outros momentos, mas devo me vigiar e seguir adiante).

Sim, o momento é crítico, delicado, difícil... mas creio que não seja o último... Espero que a bonança não tarde a chegar... sei que depende muito de mim, mas não depende única e exclusivamente de mim (principalmente no que diz respeito ao entendimento de algumas coisas... e não sei quando conseguirei obter respostas para algumas perguntas... perguntas essas que me dilaceram a mente e o coração, não sei quando a fuga deixará de ser mais importante que o ato de encarar os desafios e os problemas de frente, que a desconversa dará lugar para um conversa com início, meio e fim).

Bem, o jeito é ter paciência... um pouco mais de paciência... e não abrir mão de viver, não abrir mão dos meus valores (embora tenha aberto mão de algumas convicções e feito coisas que, em alguns momentos da minha vida, critiquei, julguei, temi...)... Hoje o que as pessoas veem não é o que realmente sou... tem uma mão de verniz para aparentar que está tudo bem, por fora, mas está tudo um caos por dentro, tudo remexido, tudo fora do lugar, tudo descalibrado... mas acho que em algum momento esse equilíbrio instável passa e tudo volta ao seu equilíbrio natural. Acho que não é querer demais, né?!?... Gostaria muito que não fosse.

Dani - 21/09/15

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Existência e Unicidade

Um só desejo: o desejo de não sofrer...
Não sofrer por amor, não sofrer de dor...
Talvez esperar pelo novo dia amanhecer,
Com diferentes brilhos para cada cor.

Uma só vontade: a vontade de viver em paz.
Poder assumir os erros e não poupar esforços para revê-los...
Quem sabe convertê-los, buscando a redenção uma vez mais,
Ainda que o tempo não implique na isenção de novamente cometê-los...

Um sabor único: aquele que nutre a liberdade.
Um sabor que sobreponha-se aos dissabores que temperam as incompletudes vividas...
Uma experiência sensorial que não confunda o paladar e conduza à verdade.

Sim, a vida pode resumir-se em um só desejo ou uma só vontade ou um só sabor...
Mas a vida tem um sentido muito mais amplo, mais abrangente
E que extrapola todos os sentidos na direção do caminho a ser seguido, seja ele qual for.

sábado, 5 de setembro de 2015

Intermitências da Vida

Parecia aquela mais uma chance de tê-lo por perto...
Então resolvi arriscar e abri mão daquilo que parecia certo...
Decidi buscar a minha liberdade... a liberdade de viver...
Viver sem encarcerar a minha alma... viver até morrer...

Busquei amores, prazeres, sonhos, ideais, realizações...
O que mais encontrei foram desilusões, fracassos, tristezas, decepções...
Consequências das péssimas escolhas que fiz...
E agora, inevitavelmente, sinto que tudo parece estar por um triz...

Não penso em voltar atrás e fazer diferente...
Talvez ainda possa reparar alguns erros, cometer mais acertos
E correr atrás da tão desejada paz, sem que tudo seja tão intermitente...

Hoje apenas tento entender o meu silêncio, a minha ausência...
Tento transformá-las em ações, em resultados... e tento seguir adiante,
Fazendo cada coisa a seu tempo, contando com compreensão e paciência...

 


Scalene - Surreal

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Não parece ser o que pensei,
Exceto por tudo aquilo que não sei...
A dúvida apenas elucida a incerteza
E faz meu coração transbordar tristeza.

Em meio aos percalços desta vida,
Sobra tempo apenas para a despedida...
Pois todas as outras expectativas são vãs
E não passam de ilusões de mentes nada sãs...

Quisera que as coisas fossem menos difíceis...
Sem que houvesse dor ou sofrimento ou melancolia...
Que ainda perdurasse o desafio com um pouco mais de afeto, compreensão, alegria...

Sim, é inútil lamentar... pois o tempo não volta...
E a vida segue, segundo as leis caóticas deste estupefato coração
Que não se contenta em seguir apenas e tão somente pelas trilhas da razão.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Feliz Dia do Amigo!

A motivação para a existência do Dia do Amigo é muito boa: dá-se pela
chegada do homem à Lua... "um feito que demonstra que se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis" (Enrique Ernesto Febbraro).



Na verdade, não há necessidade de um dia especial para comemorar a amizade e saudar os amigos porque os amigos não são muitos, diferente dos colegas e das pessoas do convívio... são aquelas poucas pessoas que estão do nosso lado nos momentos difíceis e nas conquistas... são os primeiros da lista quando precisamos de um ombro ou quando queremos dar aquela boa notícia. Os amigos são poucos porque dizem as verdades, sem qualquer moderação e, ainda que as palavras doam e fiquem ressoando infinitamente na nossa cabeça, não ficamos bravos e nem tristes simplesmente porque sabemos que são eles as únicas pessoas a dizerem as verdades... e o fazem pensando no nosso bem. Os amigos são poucos porque sempre torcem para que alcancemos nossos objetivos, realizemos nossos sonhos, nos encorajam a encarar esse mundão... Os amigos são poucos, muito poucos, porque se preocupam conosco, compartilham muitos momentos... incluindo aqueles de longo silêncio no qual muito se diz em meio a falta das palavras ou na confusão das ideias... às vezes esse silêncio é estarrecedor, mas os amigos estão ali para "ouví-lo". Os amigos são poucos porque são sinceros ao que sentem e pensam... Os amigos são poucos, muito poucos, porque há reciprocidade em todas as ações descritas anteriormente, porque a nossa relação com os amigos seguem no melhor estilo "se, e somente se"...




Eu agradeço muito aos amigos que tenho... e peço desculpas pela decepção e pelas mazelas que acabo cometendo, ao longo dessa caminhada. Nunca é legal pisar na bola com alguém, em particular pisar na bola com um amigo, com as pessoas que amamos... Tem coisas que acontecem, ao longo da vida, que são difíceis de explicar, de conceber, de encontrar certa lógica ou racionalidade mas, ainda sim, é necessário saber ponderar, entender, compreender, ser franco... A gratidão vem exatamente pelo fato dos amigos não desistirem da gente e por sempre nos incentivarem, por sempre quererem o nosso melhor, por acreditarem em nós e fazer com que acreditemos em nós mesmos... por nos amarmos! 







quinta-feira, 4 de junho de 2015

Sobre o Silêncio

É... há momentos em que o silêncio basta, às vezes é necessário, às vezes é suficiente, às vezes é necessário e suficiente, outras vezes é intermitente, outras tantas chega a ser estarrecedor... Há momentos em que o silêncio faz mal... Há momentos em que o silêncio faz bem... Há momentos em que o silêncio é delator... O silêncio arma, mas também desarma... É no silêncio que, por vezes, nos encontramos conosco... É no silêncio que os amigos também nos ouvem... É no silêncio que o amor se sufoca... e no silêncio nos entregamos às intimidades... não é preciso dizer uma única palavra... compartilhamos comentos únicos com aqueles que confiamos, pois permitimos que conheçam-nos de maneira profunda a ponto de se disporem a ouvir o silêncio que traduz o grito da alma a plenos pulmões... Às vezes o silêncio é bem-vindo, é providencial, só porque é aquela preciosa oportunidade de ficarmos calados... E assim segue a vida, suplicando por um pouco de silêncio... ou não.

Poema à Boca Fechada

Não direi: 
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi:
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando eu me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago



"Il Silenzio" interpretado por Melissa Venema, André Rieu e Orquestra.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

É sempre tempo de...

O último registro de Fernando Pessoa foi uma frase em inglês:"I know not what tomorrow will bring". Exatamente pela incerteza do amanhã é que devemos, sempre que possível, viver e contemplar o hoje (aqui e agora), sem esquecermo-nos do passado, mas sempre com projetos e sonhos, vivendo o presente e pensando, também, no dia de amanhã, no futuro... pensando em mudar... pensando em mudar... pensando em sermos melhores (mais adequado seja sermos menos piores)... considerando reais possibilidades de sermos felizes, com muito ou com pouco... pouco importa... pensando nas voltas que o mundo dá... pensando nas conquistas e nas lições aprendidas... vivendo a vida... curtindo cada momento... cada pessoa e nós mesmos.






Algumas vezes custamos a entender essas coisas... outras vezes nós simplesmente as ignoramos... O fato é que não podemos esperar o tempo passar e, ao final, concluirmos que não vivemos da maneira como deveríamos (bem, certamente algumas coisas ficarão para trás, pois nem sempre elas acontecem da maneira como queremos, mas sempre temos a chance de tentar).

terça-feira, 7 de abril de 2015

A Matemática da Vida ( I )

Algumas vezes fico pensando na vida, nas coisas que acontecem ao longo dessa nossa breve jornada em meio aos zilhões de anos que já passaram, passam e passarão...

Creio que os versos de William Blake ajudem a elucidar um pouco do que estou falando:

"To see a world in a grain of sand,
And a heaven in a wild lower,
Hold infinity in the palm of your hand,
And eternity in an hour."

Cada dia é um desafio... é sempre um motivo (ou uma desculpa) para fazermos descobertas e redescobertas nesse mundo que, por vezes, parece ser um grão de areia... um ínfimo grão de areia...

... E a vida, as coisas, o mundo, tudo pode ser mais belo do que parece... mais eterno do que de fato dure, assim como ser mais infinito em nossa plena finitude... Tudo depende da maneira como encaramos os fatos... tudo depende do referencial...

Constantemente são lançadas algumas discussões sobre o número de partículas que compõem o Universo... e seus desdobramentos... Isso tudo me faz lembrar, também, os versos de Blake que, de alguma maneira, traduzem a nossa pequenez frente ao Universo e o quanto tudo pode ser relativo. Podemos encontrar nas coisas pequenas e simples mais do que podemos imaginar... e, em meio aos grandes desvarios da vida, grandes surpresas... E isso, por consequência, me faz lembrar de muitos momentos que temos na vida que de certa forma retratam essa relatividade.

Mesmo diante das adversidades, o que não pode nos faltar é força para superá-las. Claro, esse é um dos desafios... nem sempre é fácil, mas fica menos difícil quando nos dispomos a encará-las e, principalmente, quando contamos com aqueles que nos encorajam... Nesse sentido, o tempo torna-se um grande aliado.

A vida, no final das contas, será uma enorme tabela de pontos pelos quais poderá ser observado um polinômio interpolador com algumas características bem interessantes, tais como máximos e mínimos e mudanças de comportamento, sem perder sua continuidade. E são exatamente esses máximos e mínimos, bem como as inflexões, que nos tornam fortes para continuar essa caminhada... ora estamos nas alturas dos máximos, ora nas agruras dos mínimos... e o que fato tem valor é aquilo que fica desse processo, as lições que aprendemos e os momentos que eternizamos na nossa mente e no nosso coração... a eternidade de uma hora, de um minuto, de um segundo... de uma meia-vida... de uma vida inteira. Legados que passam de geração em geração... valores, crenças, histórias, contos, fábulas, ficção, realidade... 


  Little Boots - "Mathematics"


PS: Se a vida fosse linear, certamente seria uma chatice... Se fosse senóide ou cossenóide, seria menos chato, entretanto os máximo e mínimos nem sempre têm a mesma amplitude e nem sempre ocorrem periodicamente... Agora, uma função polinomial de n-ésimo grau representa bem essas inconstâncias da vida...

terça-feira, 24 de março de 2015

Poema Fantasma

Enquanto escrevo estes versos, meu coração chora...
Sente a sua falta e espera a sua chegada, sem demora...
Não tenho tempo para chorar, devo apenas prosseguir,
Compreender a sua ausência e, de alguma forma, sorrir...

Enquanto escrevo estes versos, minhas mãos tremem,
Pois, ainda que eu relute, inexplicavelmente pressentem
Que não tocarão mais o seu corpo, não sentirão seus beijos...
Meu corpo inteiro deve acostumar-se a inibir nossos desejos.

Enquanto escrevo estes versos, perdidos no tempo e no espaço,
Apenas queria tê-lo comigo, num demorado e caloroso abraço...
Agora levarei na lembrança o seu gosto, o seu cheiro, o seu calor, o nosso amor...

Enquanto escrevo estes versos, vejo que o tempo passou, sem piedade,
Já faz tanto tempo... nem me dei conta do quanto privei-me da liberdade
De viver a vida... Viver com você... Viver sem você... Apenas viver...


terça-feira, 10 de março de 2015

Into the Wild - Na Natureza Selvagem

Já havia assistido "Into the Wild" ("Na Natureza Selvagem") pelo menos umas cinco vezes... inclusive pude assisti-lo no cinema, em sua estreia. Não sei quantas vezes ouvi as músicas que compõem a sua trilha sonora... e recentemente li o livro. (O filme é baseado no livro, de mesmo título, de Jon Krakauer, e trata da história de um jovem de 22 anos que resolveu viajar pelos Estados Unidos até a maior de suas viagens: o Alasca. Produzido em 2007, a direção é de Sean Penn e a trilha sonora é de Eddie Vedder (<3), Michel Brook e Kaki King.)


É impossível não pensar na história de Christopher "Alexander Supertramp" J. McCandless. Num primeiro momento dá vontade de largar tudo, colocar uma mochila nas costas e desbravar o mundo... é libertário... depois vem um sentimento de "meu, como esse rapaz foi ignorante, burro!"... e depois vem um sentimento de "putz! como sou bunda-mole!"...
É difícil julgar a escolha de Chris. Certamente ele cometeu alguns erros grosseiros que custaram a sua vida, mas, ao mesmo tempo, resolveu descobrir-se na forma mais primitiva e íntima, tentando libertar-se de qualquer estereótipo imposto pela sociedade.

Autorretrato Christopher J. McCandless, ou Alexander Supertramp, 
em frente ao ônibus 142, onde viveu sua última viagem. 

Cada um de nós tem o seu jeito de conhecer-se, de reconhecer-se, de descobrir-se... alguns recorrem à meditação, outros à religião, há aqueles que recorrem às drogas ou às terapias ou ao isolamento... Cada caminho escolhido está diretamente relacionado aos contentamentos e descontentamentos mundanos, às experiências de vida, aos bons e maus momentos... Penso que passamos a vida toda buscando respostas para perguntas tais como "de onde viemos?", "para onde vamos?", "por que estamos aqui?", "quem somos?", "como sermos feliz?", "como buscarmos a felicidade?", "podemos ser felizes para sempre?", "como reconhecermos o verdadeiro amor?"... Não creio que consigamos responder todas essas perguntas de forma categórica... elas têm um quê muito subjetivo... são absolutamente existenciais... Para alguns grupos, as respostas serão de senso comum, canônicas... para outros, totalmente divergentes... sem contar aqueles que passarão despercebidamente por esses questionamentos. (E cada um de nós tem as suas maneiras de fugir da realidade que, por vezes, é estarrecedora, sem recorrer a maior de todas as fugas... ainda que, às vezes, ela parece ser inevitável.)


Às vezes parece ser penoso olharmos para nós mesmos e admitirmos quem somos, com nossos defeitos e qualidades... Muitas vezes buscamos ser infalíveis, certeiros, mas esquecemos que somos seres humanos, passíveis a erros... é mais fácil apontar os erros dos outros do que corrigirmos nossos próprios erros... é muito cômodo criticar e enxergar as imperfeições alheias a nos autoavaliarmos, nos autocriticarmos... e não precisamos fazer isso como se estivéssemos pagando um castigo, cumprindo uma pena, mas devemos encarar como uma oportunidade de nos tornarmos seres humanos menos piores, de evoluirmos. Da mesma forma, devemos reconhecer nossos acertos e nossas qualidades, com humildade, e seguir adiante tornando-nos exemplos para nós mesmos.


Levar o mundo a ferro e fogo, como dizem por aí, não parece ser a melhor opção, uma vez que os extremos nem sempre são os melhores caminhos a serem seguidos o tempo todo para chegarmos ao nosso destino final. Às vezes é necessário seguirmos pelo caminho do meio, entre um extremo e outro, afim de nos compreendermos melhor, de compreendermos o mundo e aqueles que estão ao nosso redor. É claro que vez ou outra fazemos as escolhas erradas e ao darmos por isso bate aquela sensação de fracasso, pois sabemos que toda e qualquer escolha traz consequências e sabemos que teremos um ônus ou, quem sabe, um bônus. Seguir pelo caminho do meio não significa abrirmos mão de nossas crenças, dos nossos posicionamentos, mas ajuda a recalibrar a nossa escala de valores de acordo com as nossas convicções e lutarmos por elas sem que esse caminho seja fator impeditivo para termos alguns extremos a seguir.
Temos, em nosso interior, nossas razões para agirmos da maneira como agimos, sermos da maneira como somos, estarmos da maneira como estamos, e isso de forma alguma deve ignorar a existência daqueles que estão ao nosso redor... devemos saber conviver com as diferenças, com as adversidades, com a liberdade de escolha, com o livre arbítrio... e isso exige de nós certo grau de tolerância, de compreensão, independente de concordarmos ou não. Respeitar as posições alheias não significa sermos submissos a elas, mas, quem sabe, reforçar aquilo que acreditamos e rever alguns outros pontos (talvez aqueles mais obscuros).


Ao longo do tempo precisamos ser protagonistas da nossa própria história, ao invés de sermos coadjuvantes. Isso requer coragem para abrir mão de alguns dogmas, abdicar alguns bens e seguir adiante, sem deixarmos de compartilhar  nossas alegrias e tristezas com aqueles que amamos e mostrar que faz parte da nossa natureza alçarmos voos na direção das nossas realizações pessoais, dos nossos sonhos...  daí pode ser que sigamos (ou tenhamos que seguir) por caminhos extremos... por trilhas nada lineares, nada triviais... pela "natureza selvagem".


Link para a trilha sonora de "Into the Wild".

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cada Gota de Chuva...

Cada gota de chuva é uma alegria,
Mas, às vezes, é uma tristeza...
Passa a vida, finda mais um dia
E, de repente, posso contemplar sua beleza.

Depois de uma tarde tempestuosa,
Um arco-íris alegra o céu...
É uma delicadeza vertiginosa
Que transcende caneta e papel...

Um momento instantâneo de felicidade...
Uma mistura de percepções e abstrações
Que tomam conta da minha sanidade.

Cada gota de chuva é um sentimento
Que transborda em nossos olhos...
Pequena poesia de um breve descontentamento.




Apertando o pause no fim da tarde, depois de uma tempestade (IME-USP).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Whiplash - Em Busca da Perfeição

Um dia desses resolvi "brincar" diante de uma bateria... Adorei a experiência e quem sabe, um dia, eu volte a me aventurar com minhas baquetas. O fato é que quem já aprendeu (ou tentou aprender) a tocar algum instrumento musical precisou treinar os fundamentos uma, duas, três, quatro, cinco, ... , n vezes. Precisa criar calo, precisa desenvolver a agilidade das mãos, dos dedos, dos pés... são tantas coisas, mas quando começamos a ouvir os resultados, a satisfação é imensa... vale cada calo, cada esparadrapo nos dedos, cada bronca do professor, cada "pare e comece de novo!"... A primeira vez que consegui executar uma música inteira, sem errar, fiquei extremamente feliz... e a minha vontade era de continuar ali por horas e horas, estudando e treinando até conseguir executar a próxima música...
Sempre gostei muito de música e com o passar do tempo o meu leque foi abrindo... saí das músicas psicodélicas dos anos 80, que permearam a minha infância,  para o rock grunge dos anos 90... e foi nessa década que me deparei com os clássicos do rock, com a música erudita, com o jazz, com vários outros estilos musicais que nunca tinha ouvido antes e fui treinando os meus ouvidos, fui sentindo a música dentro de mim, fui aprendendo a apreciar a música sem me importar de onde ela era. É incrível o poder que a música exerce sobre nós: não precisamos falar o mesmo idioma, nos entendemos através de acordes... a música tem um poder de aproximar pessoas, nações... tem o poder de transformar vidas.


Quando assisti "Whiplash - Em Busca da Perfeição", fiquei imediatamente encantada pela trilha sonora. O efeito da música, neste caso, faz a gente entrar na história... é quase uma entrega, com direito a sentir os graves do baixo, do bumbo... uma experiência! Ao longo do longa é impossível não extrapolar a história de Andrew, um jovem baterista que decide estudar na melhor universidade de música e pretende tornar-se o melhor baterista do mundo. Ele encontra pela frente o professor Fletcher, que deseja formar os melhores músicos do mundo. Daí creio seja possível imaginar o eletrizante encontro desses dois, principalmente quando você ouve o seu professor olhar bem prá você e dizer "Não há duas palavras mais perigosas na nossa vida do que 'bom trabalho' ". Muito suor, sangue, competição, bullying, humilhações, descrenças, agonia, êxtase... Não dá para descrever, é necessário assistir e sentir.

Trailer de "Whiplash - Em Busca da Perfeição".

Obviamente o que se vê no Conservatório Shaffer também pode ser visto em outros ambientes educacionais, com muita competição, com a constante busca pela perfeição naquilo que se faz e, também, na relação entre professor e aluno, além do prazer pelo conhecimento.
Há inúmeras maneiras de incentivar alguém a fazer algo... e essas maneiras vão de palavras de incentivo positivas até meios nada ortodoxos. Algumas vezes um comentário depreciativo de um professor pode levar um aluno a superar seus limites e provar que não é nada daquilo que está sendo dito, sem ônus, ou pode causar um efeito contrário, fazendo o aluno desistir de tudo. Quantas vezes já presenciamos isso em nossa vida? Qual é o limite entre o incentivo e a violência, o estímulo e a crueldade? Há quem acredite piamente que os fins justificam os meios, sempre. Será? Como aluna, vi e senti isso muitas vezes, ao longo da minha vida acadêmica, e prometi a mim mesma que jamais reproduziria em minha prática docente certas atitudes, que desdém a capacidade e o potencial de um aluno. É certo que alguns não servem para aquilo que estão se propondo fazer e precisam encontrar um outro caminho, mas isso deve ocorrer de uma forma natural - ainda que a naturalidade disso, além de uma conversa amistosa, seja um mundo de DP´s - sem que o aluno se sinta incapaz, tão incapaz a ponto de questionar a sua própria existência. Todo professor, ainda que não queira, exerce certo poder sobre seus alunos... inspira, aponta caminhos, é severo... mas ser severo não significa necessariamente ser cruel. Fazer cobranças, apontar caminhos, incentivar... isso não necessariamente precisa vir num tom de camaradagem, mas pode vir num tom que não seja de crueldade. O professor não deve ser um algoz de seu aluno.
Saí da sala encantada com as músicas... fui para casa cantarolando, na minha cabeça, "Take Five", que nem faz parte da trilha sonora do filme, mas é uma música que quando vejo sendo executada pelo The Dave Brubeck Quartet me encanta. É um verdadeiro trabalho em equipe, sem que cada talento se sobreponha a outro. São todos talentosos, se respeitam, brilham, e o resultado final é uma música que faz bem para a alma. Parece ser esse o princípio de uma banda de jazz ou de qualquer outra banda ou de qualquer outra iniciativa coletiva (incluindo uma sala de aula, um grupo de pesquisa, uma instituição de ensino).


The Dave Brubeck Quartet - "Take Five".

Vale muito a pena assistir esse filme, mesmo aqueles que não gostam de jazz. A história vai além e nos faz questionar certas atitudes que tomamos, principalmente aquela de nos recusarmos a pedir ajuda mesmo quando vemos que as coisas fugiram do nosso controle. Reconhecer que não estamos dando conta das coisas é horrível, se sempre estamos a frente de tudo que fazemos, mas ignorar e necessidade de ajuda pode trazer consequências irreversíveis. Vale muito a pena buscar o equilíbrio e aprender a dosar nossos esforços na direção dos resultados que buscamos. Essa é uma daquelas lições que devem ser estudadas na teoria e, principalmente, na prática. Requer treino... às vezes exaustivos treinos para ser compreendida... e, ainda sim, não será plenamente aprendida pois, assim como no jazz, contamos com alguns improvisos... diria que na vida contamos com alguns imprevistos e precisamos saber como reagir a isso, precisamos saber "improvisar".

Trilha sonora de "Whiplash - Em Busca da Perfeição".

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Quimera

...E assim segue a vida, passando rapidamente...
Quase não temos tempo para expressar nossos sentimentos...
São inúmeros os compromissos... e o nosso desejo é latente,
E se perde em meio a tantas responsabilidades e pensamentos.

Quisera que o tempo parasse por um breve instante,
Com duração suficiente para colocarmos nossa vida em dia...
Quem dera nosso caminho fosse menos errante
E pudéssemos viver momentos únicos de plena epifania...

... Lá se vão as esperanças... lá se vai a felicidade...
E fica o gosto amargo da desilusão, da decepção, do não...
Um não categórico, ponderado pela insensibilidade...

No mundo das ideias, tudo parece fácil, factível, possível...
No mundo real, o número de variáveis beira o infinito...
No final, não adianta relutar... resta aceitar que é impossível...



"Palco do Tempo", Noiserv.