terça-feira, 14 de junho de 2016

Um Fernando e Muitas Pessoas

São tantos os sentimentos e pensamentos...
E tantas são as percepções do Mundo, do Universo...
Parece que as palavras viram a vida do avesso
E a gente nem percebe... nem se dá conta
Das tantas coisas que acontecem ao nosso redor,
Das tantas pessoas que passam por nós,
Dos tantos Fernandos, Albertos, Ricardos, Álvaros...
Das tantas linhas e entrelinhas
Que preenchem o curto intervalo de tempo
Entre a amanhecer e o entardecer... o nascer e o morrer...
Ah! São muitas as rimas que passam despercebidas
E, sutilmente, dão cadência aos nossos passos tortos,
Desengonçados, desencontrados no tempo e no espaço.
Por vezes a ausência de rimas não torna os versos da vida
Menos importantes ou bonitos ou harmônicos...
São muitas as lamentações acerca da nossa realidade,
De uma humanidade que por ora se arrasta
No conflito dos valores, em perfeita confusão...
Sem saber o que é certo e o que é errado,
Sem se permitir respeitar, ainda que discordando...
São muitas as contemplações... ainda que neguemos...
O céu azul, as nuvens animando o céu e dando asas à imaginação,
As flores, a natureza, as árvores, os pássaros e seus diversos cantares...
As gotas de chuva que banham a natureza,
Regam a alma e mostram o quão é liberdade é boa e necessária.
São muitas as lágrimas... de tristeza, de alegria, de amor, de saudade...
E os nossos mares são docemente salgados...
São tantos os momentos de epifania e outros de completa esquizofrenia...
Os opostos vão se completando na nossa busca por realizações,
Por momentos de paz, de alegria, de completude, de felicidade...
E assim a nossa história vai sendo escrita sobre pedras, sobre a areia,
Sobre papeis de diferentes origens, nas passadas discretas dos ponteiros...

Dani - 14/06/16 (128 anos completos de Fernando Pessoa)


PS: Com o poeta e seus heterônimos temos a possibilidade de enxergar o mundo de uma outra maneira, sob diferentes olhares...

Com o próprio Fernando Pessoa, declamado por Paulo Autran, a real noção da passagem do tempo.
 
 "Quando era jovem, eu a mim dizia:
Como passam os dias, dia a dia,
E nada conseguido ou intentado!
Mais velho, digo, com igual enfado:
Como, dia após dia, os dias vão,
Sem nada feito e nada na intenção!
Assim, naturalmente, envelhecido,
Direi, e com igual voz e sentido:
Um dia virá o dia em que já não
Direi mais nada.
Quem nada foi nem é não dirá nada."


Com Ricardo Reis, a necessidade de nos dedicarmos àquilo que realmente é importante, ciente de que essa entrega será reconhecida de alguma forma (preferencialmente tendo êxito pela incessante busca, ainda que esse seja um breve momento de contemplação...).


Com Alberto Caeiro, a maneira de sentir o mundo, permitirmo-nos sentir todas as coisas ao nosso redor, dando uma folguinha à razão e contemplando a natureza.


Com Álvaro de Campos, a enxergar a realidade e confrontar-se com ela. Estaríamos bem se vivêssemos em um eterno sonho, em um conto de fadas? A realidade está aí para provarmos que a lucidez, por vezes contestada, é necessária para que possamos sonhar.