terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Sem Título

"Nada sou, nada posso, nada sigo.
Trago, por ilusão, meu ser comigo.
Não compreendendo compreender, nem sei
Se hei de ser, sendo nada, o que serei.
(...)
Sonhar é nada e não saber é vão.
Dorme na sombra, incerto coração."

Sem título (6/1/1923), Fernando Pessoa (e seu poder de transcender a realidade e torná-la ainda mais real, verdadeira. E é uma verdade exagerada, real, quase surreal, que chega a doer, cegar, calar... A realidade não é feita apenas de sentimentos, mas também, de pensamentos que se perdem em sonhos vãos e se reencontram com o cotidiano, com a vida mundana, abstraída por aquilo tudo que poderia ter sido e não foi... Uma vez mais a razão se confunde com a emoção, deixando atordoado o coração. O tempo passa e a verdade, aos poucos, vem surgindo... É hora de dormir, de sonhar... e, logo mais, acordar para um novo dia, uma realidade que se reconta se refaz a cada novo instante de uma mesma vida... Fernando Pessoa e seu dom de inspirar a insônia...).



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